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sexta-feira

RUY CASTRO NÃO TEM MEDO DE REVELAR SEU AMOR PELOS LIVROS

LEITURAS PASSIONAIS DE RUY CASTRO
Por Alécio Cunha


 

Quem trafega pelos rumos loucos da literatura conhece, claro, o trabalho plural de Ruy Castro. Mineiro de Caratinga, carioca por adoção, o jornalista e escritor é de uma polivalência à toda prova. Em mais de quatro décadas de ofício, já escreveu (e bem) sobre cinema, música, futebol, teatro e, claro, literatura. Fragmentos essenciais desta vertente habitam as páginas do livro "O Leitor Apaixonado - Prazeres à Luz do Abajur", reunião de 45 textos do autor, publicados em veículos da mídia impressa brasileira entre 1974 e 2007. O livro é uma delícia porque não tem medo de assumir seu caráter passional.
Como o escritor em questão é o perfeccionista Ruy Castro, os leitores encontrarão, obviamente, artigos especialmente revisados para o volume, publicado pela Companhia das Letras, de São Paulo (SP), editora que lançou alguns de seus principais trabalhos como as biografias do dramaturgo Nelson Rodrigues ("O Anjo Pornográfico"), do artilheiro Garrincha ("Estrela Solitária") e da cantora Carmen Miranda ("Carmen"), e a, digamos, biografia coletiva da bossa nova ("Chega de Saudade").
O grande mérito dos textos de Ruy Castro, além da concisão, é a entrada em cena da leveza e do humor, mesmo quando lida com temas mais densos e tensos. A maneira como ele se refere aos livros que resenha é totalmente desprovida da arrogância dos intelectualismos frágeis. É uma escrita luminosa, gostosa, mesclando saber e sabor na dose exata.
Ao falar sobre o conteúdo de determinada obra, Ruy Castro é tão límpido e transparente que quase traz ao lume um outro livro a partir daquele lido e deglutido. Há uma fator de natureza autobiográfica aí. O primeiro livro que o jornalista leu, aos cinco anos, foi uma adaptação de um clássico da literatura infantil e juvenil, "Alice No País Das Maravilhas", do inglês Lewis Carroll, feita por ninguém menos do que o criador do "Sítio do Picapau Amarelo", Monteiro Lobato. O mago de Taubaté reescreveu completamente a história de Carroll, mas sem perder, em instante algum, a essência da obra: a força da imaginação e do devaneio. O pequeno leitor Ruy Castro parece ter captado esta característica peculiar de Lobato e a entronizado.

Organizado pela mulher do autor, a escritora Heloísa Seixas, "O Leitor Apaixonado" obedece a um critério essencial: “matérias que me deram prazer de ler". São escritos que não sofrem a ação residual do tempo, driblando o envelhecimento precoce através da permanência da palavra. A obra cai como luva no título e proposta deste blog. Ler, reler e viver são verbos absolutamente suplementares e dialógicos. C'est la vie!