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Richard Clayderman - Matrimonio De Amor .mp3
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sábado

O AMOR PELOS LIVROS


HERBERTO SALES é dos mais sérios escritores da língua portugêsa. Não é um “best-seller”, não se trata de um romancista popularesco, voltado exclusivamente para os sucessos de livraria e para a consagração imediata. Êle prefere trabalhar com seriedade e manejar com honestidade e perícia e riqueza vocabular do idioma que domina. Sua linguaguem, porém, é acessível a todos: a nós, brasileiros, e a qualquer povo. “Cascalho”, um dos seus mais importantes trabalhos literários, acaba de ser lançado em língua tcheca, numa edição que prima pelo extraordinário bom gôsto e concepção de arte gráfica. Jornalista profissional, dirige a revista “A Cigarra” e a Editôra O CRUZEIRO. É uma extraordinária figura humana, com idéias próprias e inéditas sôbre as soluções dos problemas nacionais - desde o problema do negro à solução que defende para o turismo e as praias da Guanabara, que, segundo êle, devem funcionar com entrada paga e sessões de duas horas. É um homem metódico, prêso a padrões nada baianos, pois se assemelham aos melhores padrões saxônicos. É um saxônico que nos sabe fazer rir a sério e que, quando menos se espera, surpreende-nos com um formidável romance destinado à galeria dos clássicos.

CARLOS HEITOR CONY foi seminarista e virou ateísta. Não faz propaganda do seu ateísmo, que é puramente amadorístico. Mas só o ateísmo é nêle amadorístico, pois Cony é um competente profissional do jornalismo diário, da crônica e da literatura. Seus livros já eram consagrados entre os críticos e os escritores, quando o amável cronista do segundo caderno do “Correio da Manhã” transformou-se ràpidamente num terrível panfletário, num censor implacável da Revolução de Abril e de seus principais comandantes civis e militares. Estêve e ainda está ameaçado de prisão e seqüestro. Processado pelo Ministro da Guerra, ninguém pode negar a êsse excelente escritor e jornalista a coragem de dizer o que pensa e, principalmente, no momento em que poucos ousavam fazê-lo. Foi durante os primeiros meses do nôvo Govêrno o conduto por onde respiravam, alegremente, os partidários do Govêrno deposto e os que não concordavam com a “linha dura” militar tenazmente perseguida por Cony. A alta qualidade literária das crônicas de Cony e a sua ousadia fizeram-no o intérprete legítimo, na imprensa diária, dos sentimentos e ressentimentos, da tristeza e da ânsia.
E seus livros viraram "best-sellers".



Crédito: Memória Viva